Correr ajuda as pessoas que querem largar o cigarro. Não devia ser o contrário? Ao largar o cigarro, a pessoa corre melhor e por maior distância? Sim, o desempenho do ex-fumante com certeza vai melhorar longe do cigarro, mas é mais que comprovado que começar a correr quando se está no processo de largar o cigarro ajuda com a famosa e temida crise de abstinência.
O poder do cigarro no cérebro
Um estudo revelou pela primeira vez que mudanças no cérebro disparadas por apenas 10 minutos de corrida podem ajudar a diminuir a necessidade de cigarro. A Universidade Exeter mostrou como o exercício muda o modo como o cérebro processa informação entre fumantes, reduzindo a dependência de nicotina em seus organismos.
Pela primeira vez, pesquisadores usaram aparelho de ressonância magnética para investigar como o cérebro processa imagens de cigarro depois da prática de exercícios.
O estudo fortalece uma série de evidências de que exercícios podem ajudar a gerenciar o vício em nicotina e outras substâncias. Um grupo de 10 fumantes pedalou em um ritmo moderado por 10 minutos, depois de 15 horas sem fumar. Depois, passaram pela ressonância magnética enquanto viam imagens, algumas de cigarros.
Numa segunda ocasião, o mesmo grupo passou pela ressonância sem ter feito exercícios. Foi solicitado a eles que descrevessem suas necessidades de nicotina durante as duas ocasiões. As imagens capturadas na ressonância mostraram as diferenças: sem exercícios os fumantes mostraram alta atividade em resposta às imagens de cigarro em áreas do cérebro associadas com processos de recompensa e atenção visual. Com exercícios feitos, as mesmas áreas ativadas não “acendem”, o que indica um modo padrão do cérebro.
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Por que o cigarro afeta menos quem se exercita?
Os fumantes também relataram menos vontade de fumar depois dos exercícios quando comparado com o período sem exercícios. Os pesquisadores não sabem exatamente o que causa essa diferença. Uma sugestão é que completar um determinado exercício melhora o humor (possivelmente pelo aumento de dopamina) o que reduz a necessidade e importância do desejo por um cigarro.
Outra possibilidade é que o exercício causa uma mudança na circulação sanguínea, levando sangue para áreas do cérebro menos envolvidas em antecipação da recompensa e prazer gerado por imagens de fumantes.
De qualquer forma, quando pensamos em praticar exercícios, pensamos que é preciso largar o cigarro antes de começar a correr, pedalar, nadar…mas e se for justamente o contrário? Com esse estudo é possível supor que é a prática física que vai melhorar, ou seja, diminuir, sua proximidade com o cigarro.
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