Utilizado por muitas mulheres como principal meio de contracepção, a pílula anticoncepcional apresenta muitos efeitos colaterais, desde estéticos (aumento da celulite e retenção de líquidos) até circulatórios (os mais graves relacionados à trombose).
Um dos efeitos negativos no organismo feminino está relacionado ao ganho de massa muscular. Um estudo da Universidade A&M do Texas comprovou que mulheres que utilizam esse medicamento tendem a ganhar menos massa muscular do que as que não o utilizam.
Há muito tempo nota-se que nem todas as mulheres obtém os mesmos resultados da musculação e o estudo apontou que as pílulas são os maiores suspeitos desse problema.
Os anticoncepcionais são especificamente formulados para alterar os níveis de hormônios esteróides femininos. Como certos esteróides estão diretamente ligados ao crescimento e fortalecimento muscular, os pesquisadores apostaram na relação entre o medicamento e a musculatura feminina.
Três vezes por semana, por 10 semanas, 73 mulheres de 18 a 34 anos praticaram 13 exercícios diferentes, atingindo toda a musculatura corporal. As cobaias não eram atletas antes do experimento. Cada uma delas fez treinos de resistência que foram determinados para trabalhar seus músculos em 75% da força máxima.
Do grupo, 34 mulheres tomavam algum tipo de contraceptivo oral. Essas mulheres ganharam 2,1% de massa muscular no período: esse índice ficou 40% abaixo do grupo que não tomava pílula.
As mulheres que tomavam o medicamento apresentavam índices baixíssimos de hormônios naturais anabólicos, na comparação com aquelas que não tomavam. E também apresentavam índices mais altos de cortisol, um hormônio associado com o enfraquecimento muscular.
Os treinos de resistência não mudaram o quadro hormonal nas mulheres que tomavam pílula. O ganho muscular também variou para pior nas mulheres cujo anticoncepcional continha progestinas, uma forma sintética de progesterona. As progestinas ligam-se ao receptor de androgênio em células – o mesmo receptor que se liga a esteroides sexuais masculinos, tais como a DHEA. Os pesquisadores preocupam-se com o fato de que essa ligação pode essencialmente bloquear a verdadeira habilidade do androgênio de iniciar o crescimento muscular.
As mulheres cujos medicamentos contraceptivos continham baixa dose de progestina adquiriram músculos quase da mesma forma que as mulheres que não tomavam pílula. Mas mulheres que tomavam altas doses de progestinas, ganharam menos de 0,5% de massa muscular em 10 semanas.
O estudo não divulgou quais marcas de contraceptivo foram testadas, mas o resultado dos testes apontou que certas concentrações de progestinas poderiam “fazer diferença na cor da medalha” em competições que exigissem explosão muscular. Para as não atletas, a diferença poderia ser compensada com treinos mais pesados para obter os mesmos resultados de mulheres que não usam pílula.